do café e da memória

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Sou cafezista desde muito pequena, desde quando a cozinheira de casa me trazia cafés escondidos da minha mãe, não sei o que era melhor, se o café ou a deliciosa secretividade da situação. Em casa se moía café na hora e ainda lembro de que meu pai saía da mesa, escovava os dentes e voltava pra tomar café, e ficar com o gosto na boca.

É incrível essa coisa que tem o café, de resgatar uma conexão, `as vezes há muito esquecida, com memórias primais e afetos básicos. Deve ser alguma coisa com o cheiro...

Mas no Chou as coisas não andavam muito bem com o café que estávamos servindo e um dia eu me deparei com a indignada mas um tanto óbvia constatação de que não estava certo: eu que gosto tanto de café, servir qualquer coisa que fosse menos que ótimo. E assim, fuçando por aí descobri uma moça que leva essa coisa de café muito a sério. Tanto que torra ela mesma o café excepcional que compra de produtores super, super selecionados, com critérios de sustentabilidade e qualidade, mas, sobretudo, de sabor.  E me entrega o café que foi torrado na mesma semana (!) para no Chou moermos na hora e servir em duas versões diferentes: o espresso, cremoso, brilhante, pouco amargo, com uma bonita acidez e sua personalidade potente e familiar. E também (ah, isso é o máximo), coado na hora, um método mais doce e gentil, que resulta num café perfumado, solto e muito mais delicado, perfeito para terminar um jantar.

Essa moça é a Isabela Raposeiras e vocês podem conhecer o trabalho dela no Coffee Lab.

Enquanto isso no Chou, vamos moendo o café que espalha aquele cheiro absurdamente bom, rescendendo a memória e nostalgia. Vai um café aí?